Foi com o projeto “Da Estante à Mesa: Literatura e Gastronomia” que dei início a uma pesquisa que buscava na obra de autores clássicos as referências à cozinha que viriam a inspirar chefs de cozinha a criar um cardápio para um jantar especial. A pesquisa expandiu e o resultado está apresentado aqui.
As páginas podem estar amareladas, com manchas de gordura e pequenas anotações. As capas, gastas, até um pouco rasgadas. Não importa. Preservados como tesouros, os cadernos de receitas são registros de costumes, tradições e histórias familiares.
Em tempos passados, foram herança destinada às moças casadoiras e guardaram segredos culinários mantidos a sete chaves: o prato especial do almoço de domingo, o bolo da vovó, a famosa torta salgada da tia ou o doce que a vizinha costumava fazer. Muitos ficaram esquecidos em velhos baús ou no fundo de gavetas. Outros, porém, ganharam destaque nas prateleiras, mais manchas e ajudam a despertar recordações de sabores e de quereres muitas vezes distantes.
Receitas transmitidas em família são uma forma de afeto, de perpetuação de costumes e cultura, de registros que povoam a memória. Sabores, aromas e sentimentos que serão lembrados no futuro como momentos especiais. Prazeres que serão associados à comida de mãe, receitas de avós. Lembranças quase impossíveis de serem reproduzidas totalmente por outras mãos. Sempre estará ausente a fonte de afeto, o que alterará o sentido da percepção desse sabor no cérebro. Como diz Mia Couto, escritor moçambicano, “Cozinhar não é serviço. Cozinhar é um modo de amar os outros”. E é esse ato de amor, registrado no inconsciente, que faz com que a receita se mantenha viva, assim como a imagem de quem costumava prepará-la.
O filósofo italiano Norberto Bobbio já dizia que “somos aquilo que recordamos”, o que concede um lugar especial às receitas como registro cultural e de identidade familiar. Dotados de importância e emoção, evitam que a lembrança se dissipe. A transmissão de receitas ao longo de uma família é algo que transcende a questão genética: é memória, afeto, é arquivo de experiências. Passar para outras pessoas o saber culinário é perpetuar costumes por meio das práticas alimentares. Além disso, deixar o registro para outras pessoas é uma forma de manter-se vivo por meio daquilo que ensinou.
3 1/2 xícaras de farinha de trigo * A trança pode ser recheada com castanha do Pará, amêndoa ou castanha de caju.Trança recheada de nozes
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Ingredientes
1 colher (sopa) de fermento biológico seco
1/2 xícara de leite morno
2 ovos
1/4 de xícara de manteiga derretida
1/3 de xícara de açúcar
1 colher (chá) de sal
Recheio
250g nozes pecan
3 claras
1/3 de xícara de açúcar
1 colher (chá) de canela em póComo Fazer
Notas