Uma volta aos tempos da imigração italiana é o que oferece o município de Antônio Prado, com 48 casas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que formam o maior acervo arquitetônico da imigração italiana em área urbana do mundo.
A cidade foi fundada em 1886 e recebeu o nome em homenagem a Antônio da Silva Prado, fazendeiro paulista que, quando ministro da Agricultura, promoveu a vinda dos imigrantes italianos ao Brasil e instalou núcleos coloniais no Rio Grande do Sul.
Para conhecer um pouco mais da história da cidade, vale a pena visitar a Casa Néni, de 1910, que abrigava uma ourivesaria no primeiro andar. No segundo, residia a família de Antônio Bocchese. Quando Antônio faleceu, a filha Joana Magdalena, Néni, transformou o primeiro andar em uma loja de produtos variados. No final da missa, o padre da cidade recomendava a lojinha para a compra de produtos religiosos, o que fez o local ficar conhecido em toda Antônio Prado. Hoje, a Casa Néni, a primeira a ser tombada pelo Patrimônio Histórico, abriga o Museu Municipal, onde estão reunidos objetos antigos que faziam parte da lida diária dos imigrantes.
A 184km de Porto Alegre, a cidade tem outros atrativos turísticos, como o artesanato de macramê, frivolité, crivô e bainha aberta. É possível encontrar as senhorinhas que fazem a dressa, trança de palha para artesanato, como o chapéu típico dos colonos da região.
Se quiser estender o passeio à zona rural entre em contato com a Secretaria de Cultura e Turismo e agende visita para o Moinho Francescatto
Instalado em uma casa da década 30, transformada em moinho movido à roda d’água em 1947.
É mantido por Dona Catarina, que prepara a farinha de milho.
Ou agende visita à ferraria da família de Ângelo Marsílio, fundada em 1900. Até 1989, o local funcionava com a construção de carroças, arados e ferraduras.
Ou vá conhecer os morangos embalados por música clássica ou o cultivo de tomate ao som de rock da produção dos Orgânicos Pérola da Terra.
Aproveite para provar os sucos integrais de uva, maçã, maracujá, amora e mirtilo.
Não deixe de degustar as delícias da gastronomia italiana. Durante a Fenamassa, o festival leva restaurantes da cidade para a praça principal com mesas típicas da cozinha dos imigrantes.
Não deixe de visitar o espaço Mão na Massa. Ali, as nonas, vestidas a rigor, reproduzem os métodos antigos para preparar o macarrão. Elas combinam os ingredientes e vão produzindo espaguete, rigatones e capelettis.
Os visitantes costumam se encantar com a antiga máquina de fazer massa. Máquina é maneira de dizer, porque haja braço para manusear a traquitana.
O resultado de tanta força é uma massa fininha já no tamanho correto para receber o recheio do capeletti. Dali também saem os rigatones.
Já o talharim, espaguete e outras massas em tiras são cortadas na faca.
Antes de ir embora, de volta ao Centro Histórico, leve para casa um dos pães coloniais quentinhos, direto do forno à lenha. Tenho certeza que seu paladar vai agradecer por essa saborosa viagem.
Vale provar o pien, um embutido típico italiano, feito com o mesmo recheio que o do capeletti.
Pien
ImprimirIngredientes
500g de carne (frango ou gado)
salsa picada
cebolinha verde
4 ovos
1 colher (chá) noz-moscada
1 colher (chá) sal
2 xícaras de queijo ralado
2 xícaras de pão ralado
farinha de trigo para dar consistência
Como Fazer
- Cozinhe a carne juntamente com os temperos.
- Após o cozimento, a carne deve ser moída.
- Em uma bacia, misture todos os ingredientes.
- Mexa bem com as mãos até ficar homogêneo.
- Divida em 4 partes e faça rolinhos no formato de salame.
- Envolva cada um em papel alumínio.
- É importante vedar bem para não entrar água durante o cozimento.
- Coloque os rolinhos em uma panela com água fervendo ou no caldo da sopa e cozinhe por 20min a 25min.
- Desembrulhe os rolinhos e corte em fatias.
- Sirva em seguida.
Notas
* O pien costuma ser servido com a sopa de agnoline ou capeletti, carne lessa (carne com que é feito o caldo da sopa) e cren (raiz forte).
Saiba mais
O pien, que em tradição livre quer dizer cheio, era preparado pelos imigrantes apenas em dias de festa. Na época, era embutido na pele do pescoço do frango, depois de este ser desossado. O recheio de fígado e coração das aves picados era acrescido de farinha de pão, ovos, queijo ralado, sal, tempero verde e noz-moscada. As extremidades do pescoço, costuradas, ganhavam o formato de salame. Com o passar dos anos, a pele foi substituída por sacos de pano ou papel alumínio, e o recheio passou a ser de coxa, sobrecoxa ou carne de gado. O cozimento é em água ou no caldo da sopa de agnoline ou capeletti. O mesmo recheio do pien é utilizado nessas massas.