No passado, os cadernos eram objeto tradicionalmente feminino em meio a uma sociedade patriarcal. Ao longo do século 19, até a década de 1970, foram elaboradas quase que exclusivamente por mulheres, circulando entre espaços privados do feminino, criando identidades entre mães, filhas, avós, netas. Esses cadernos se transformam, então, em uma herança querida.
Tema de estudos que vão além da gastronomia, são registro de uma época e da evolução social da mulher e de seu lugar na cozinha. Havia um tempo em que as receitas eram muito generosas em quantidades, porque as famílias eram numerosas em termos de integrantes. Com o passar dos anos, a vida impôs um modo de fazer mais simples e prático, o que se reflete nos cadernos. A quantidade de ingredientes é reduzida e, consequentemente, o mesmo acontece com as porções.
A modernização trouxe ainda outros mudanças, com a chegada à mesa de produtos industrializados. Para que os ingredientes processados fossem adotados pelas consumidoras, as indústrias passaram a oferecer cursos gratuitos e receitas impressas em que o foco central eram os produtos por elas comercializados. Vem daí o domínio do leite condensado na doçaria brasileira, a presença dos enlatados na cozinha salgada e a invasão desses recortes, colados ou soltos, nos cadernos familiares.
Compartilhar a forma de preparo de um prato é considerado um gesto de afeto e confiança. Por isso, as donas dos cadernos costumam registrar ao lado da receita o nome de quem a presenteou. É também um reconhecimento à habilidade culinária da cozinheira. A historiadora Débora de Oliveira, em seu livro Dos Cadernos de Receitas às Receitas de Latinha, vai além, ao lembrar que o nome de quem “deu a receita” ao lado dela representa o universo pelo qual a dona do caderno circulava, ou seja, um caderno é um acessório que conta uma vida e que é vivo por si só. É um pedacinho de alguém em forma de receita. Tem relação com os gostos, as descobertas e mesmo os sonhos daquela pessoa.
Trocar receitas é trocar experiências que deram certo, é também desejar o mesmo sucesso e felicidade para quem as recebe. Esse talvez seja um dos principais motivos pelos quais, ao longo dos anos, eram trocadas entre pessoas que mantinham laços afetivos com as cozinheiras ou com quem seria por elas alimentado.
3 ovos * Se quiser sabor mais suave, troque o queijo parmesão por queijo meia cura.Queijadinha
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Ingredientes
2 latas de leite condensado
100g de manteiga
5 colheres (sopa) de farinha de trigo
1 xícara de queijo parmesão ralado
200g de coco seco raladoComo Fazer
Notas