A colheita é o momento mais esperado por apreciadores de azeite de oliva. Para os produtores, é hora de ver o resultado de um ano de trabalho e de desenvolvimento das oliveiras. É hora de colher as azeitonas e delas extrair o azeite da safra 2020. Alguns serão mais suaves e outros mais intensos, devido à diversidade de aromas e sabores das olivas. No Rio Grande do Sul, a colheita tem início no final de fevereiro e se estende até meados de março.
Este ano, fui acompanhar parte da colheita de azeitonas na estância Garupá, em Santana do Livramento, comandada por quatro mulheres da família Albornoz, e a extração dos azeites que levam a marca Casa Albornoz. Na propriedade, são cultivadas quatro variedades: arbequina, koroneiki, coratina e arbosana.
Vivenciando a colheita
À chegada na Garupá, impressionava o tamanho da propriedade, são 3.220 ha, 200 deles dedicados ao cultivo de oliveiras e nogueiras, além de mel.
Uma feijoada noturna marcou a preparação para o início da colheita na Garupá.
Um forte temporal na manhã seguinte, no entanto, inviabilizou o começo dos trabalhos.Nada podia ser feito, a não ser esperar. Um almoço com toda equipe ajudou a passar o tempo.
Quando a chuva parou, o terreno molhado e a possibilidade de retorno impediam o uso dos garfos elétricos no manejo. Então, já no meio da tarde, foi dado início à colheita manual da arbequina. Fileira a fileira as oliveiras eram percorridas, nenhuma azeitona deixada para trás.
As koroneikis, arbosanas e coratinas ficaram para uma próxima etapa, porque têm o amadurecimento mais tardio.
Na região da Campanha, o tempo muda muito rapidamente. E na manhã seguinte, o sol resolveu surgir com toda força.
Desta vez, os garfos elétricos, ligados a um gerador instalado em um trator, entraram em ação. O chão é forrado com uma manta, para abrigar as azeitonas retiradas das árvores.
A produção de azeitonas da Casa Albornoz promete uma safra de azeites excelente. Muitos motivos para brindar.
As azeitonas foram levadas para o lagar, local de extração do azeite, aos pés do Palomas.
A Casa Albornoz produz azeites de oliva e cosméticos à base de azeite.
Saiba mais
O cultivo de oliveiras no Rio Grande do Sul ainda é recente, mas a produção de azeites já revela o potencial brasileiro, principalmente se levado em conta que o azeite quanto mais jovem melhor. Imagine que os produtos importados precisam ter as azeitonas colhidas, passar pela extração, ser engarrafados e depois viajar até aqui, o que exige tempo e variações de temperatura, nada benéfico para os azeites. Apesar disso, o consumo dos produtos importados corresponde a 98% dos rótulos vendidos no Brasil.
Vale a pena, no entanto, considerar que o curto tempo entre o campo e a mesa é uma vantagem em favor da produção local. No Estado, são 6.500 hectares plantados com oliveiras, 200 produtores e 32 marcas de azeite registradas. Dos 230 mil litros produzidos no Brasil, em 2019, 200 mil são gaúchos. Muitos deles com prêmios internacionais.