Um convite inesperado me levou à Dinamarca. Mais especificamente à capital, Copenhague. O objetivo: cobrir o evento gastronômico Taste the World, com representação brasileira comandada pelo consultor gastronômico Marcelo Jacobi.
Realizado ao ar livre, o Taste the World tem, a cada edição, países convidados para mostrar sua gastronomia junto com a cozinha nórdica. Barracas são montadas na rua, e os pratos são finalizados no local. Atrás de cada uma delas, um trailer refrigerado acondiciona os pré preparos bem conservados. Aliás, a organização e infraestrutura oferecida surpreendem.
As comidas são comercializadas em porções únicas, com pratinhos e talheres de bambu. A comitiva brasileira, integrada pelos chefs Fred dos Anjos, Simara Garcia, Bárbara Jacobi e Gabriel Gandolfi, escolheu para representar a cozinha nacional a moqueca de peixe.
O carreteiro remetia à mesa gaúcha.
A ambrosia e a cocada foram os doces típicos.
Os dinamarqueses e visitantes se encantaram com os sabores brasileiros e a tradição da fitinha do Bom Fim, fazendo pedidos a cada um dos três nozinhos da amarração.
Os dias passados em Copenhague permitiram percorrer os pontos turísticos da cidade, mas principalmente ter contato com a gastronomia nórdica tão diversa da nossa. A começar pela grande variedade de pães com prevalência dos escuros com sementes e condimentos.
O café da manhã impressiona pela presença de peixes crus, como o salmão e o arenque, e também nas versões defumados ou temperados.
A qualquer hora do dia, do café da manhã ao almoço ou à tarde, a grande estrela é o smørrebrød, uma espécie de sanduíche aberto tendo como base o rugbrød, pão escuro.
Os smørrebrøds não são degustados com as mãos, como pode parecer. A etiqueta recomenda o uso de talheres, para não destruir a construção do sanduíche, encontrado por toda a cidade. Criado a partir do hábito da classe trabalhadora de levar o rugbrød com queijo ou salsicha para o trabalho, apenas no século 19 surgiram os primeiros restaurantes especializados naquele que se tornaria um dos símbolos da cozinha dinamarquesa.
Em Copenhague é comum ver o consumo de sanduíches e cachorro-quente na hora do almoço. Nas ruas, o pølsevogn, vagão de cachorro-quente, faz parte da paisagem. O tradicional é o uma salsicha (pølsen) com cobertura de maionese, catchup e molho de alho ou picante.
Foi com o restaurante Noma, de René Redzepi, que o mundo começou a reconhecer a nova cozinha nórdica, com ingredientes locais e sazonais, e muita leveza. É preciso reservar com muita antecedência e em determinadas épocas o local é fechado para que sejam criados novos menus. Existem, no entanto, outras opções interessantes. Um dos restaurantes que adota essa nova cozinha nórdica, o Koefoed, tem o menu degustação composto de ingredientes da ilha de Bornholm, a maior fornecedora de produtos frescos para capital dinamarquesa.
Os pratos do menu são sazonais, de acordo com a safra dos ingredientes.
Não pense, no entanto, que a comida dinamarquesa é sempre leve e frugal. Há pratos pesados, ricos em gordura e carboidratos, com muita batata e bacon. Lembre-se que seus ancestrais estavam entre os vikings. Isso mesmo, aqueles enormes e corpulentos homens que aterrorizavam a Europa. E se a ideia não for se lançar a restaurantes sofisticados, vale percorrer as padarias e as confeitarias, que encantam pela diversidade.
Nas ruas, as frutas secas servem de snacks para uma fominha extra.
E como resistir às frutas frescas em bancas que funcionam como se fossem feira livre.
E as cerejas…
Copenhague foi uma das primeiras cidades a oferecer uma experiência etílica diferente: bebidas degustadas dentro de um bar todo de gelo.
Todos paramentados para enfrentar as temperaturas negativas, vale pela novidades, mas não é nada confortável.
Os cafés e restaurantes são ponto de encontro dos dinamarqueses.
E se você não entende a língua, o que é mais provável, não precisa se preocupar: o inglês é rotineiro no país.
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