É grande a importância literária de Willian Shakespeare, mas foi com o romance Romeu e Julieta – a história de amor entre dois jovens das rivais famílias Montecchio e Capuletto – que a cidade de Verona, na Itália, ganhou uma grande dimensão turística.
Conheci Verona em uma cobertura jornalística sobre a Vinitaly, então maior feira de vinhos do mundo. Fui com a delegação de donos de vinícolas gaúchas, que pela primeira vez apresentariam seus produtos na Itália. Naquele tempo, poucos falavam inglês e acreditavam que se comunicariam com o dialeto que falavam aqui na Serra Gaúcha. Ledo engano. Fiquei de intérprete em muitos momentos. Além disso, o material de divulgação levado pela delegação era em português. Resumo da ópera: ninguém entendia. Mesmo assim, nossos espumantes fizeram sucesso lá fora.
No turno livre do dia, fui conhecer um pouco da cidade. A Arena, palco de gladiadores e de óperas, foi construída há 2 mil anos, no fim do reinado de Augusto. Ainda hoje são realizados espetáculos no local, que impressiona pela imponência. Outro ponto que merece ser visitado é a Piazza di Signori (Praça dos Senhores), local que recebeu esse nome porque ali se hospedavam a corte dos Scaligeri, na Idade Média, e as famílias que mandavam em Verona.
Nessa praça está a estátua de Dante Alighieri, que ficou hospedado com os Scaligeri durante o exílio de Florença. Conta-se que, em 1865, quando seriam comemorados os 600 anos do nascimento do poeta, autor de A Divina Comédia, Verona estava sob o domínio dos austríacos, contrários a qualquer homenagem a Dante. Como a população insistia em erguer a estátua de 3m de altura mesmo sem autorização, os austríacos a instalaram de madrugada para evitar maiores festividades.
Voltando a Romeu e Julieta, depois que o romance escrito por Shakespeare, entre 1591 e 1595, começou a fazer sucesso e chegou ao cinema, o governo de Verona comprou a casa da família Dal Capello, de 1905, e instalou ali o Museu Giulietta. Mesmo que abrigue edições antigas do romance, figurinos e cenários utilizados no cinema para retratar a mais famosa história de amor da literatura, não são todos os turistas que se interessam pelo museu. Apesar de por seu interior ser possível chegar à famosa sacada de onde Julieta teria ouvido as declarações de Romeu e ali tirar muitas selfies.
O que chama a atenção dos visitantes, no entanto, é a estátua em bronze de Julieta. Em 2014, a original foi substituída devido ao desgaste causado pelos turistas que insistem em tocar os seios da estátua, o que se deve à lenda de que assim teriam sucesso no amor.
Também é possível conhecer a Tomba di Giulietta, no Convento de San Francisco. O complexo incluiu a igreja, de 1230, o convento e um túmulo, que passou a ser reconhecido como o da jovem Capuletto.
Deixando a Literatura um pouco de lado, Verona é uma cidade para se conhecer a pé. É encantadora pela arquitetura e por toda a história que reúne em suas ruas.
Vale a pena entrar nos pequenos comércios. A gastronomia é rica como em toda a Itália. Não dá para deixar de provar novos pratos. E os gaúchos que me perdoem, mas foi lá que comi carne de cavalo servida desfiada, como se fosse um charque – e pior, gostei.
Dica
* Compensa adquirir o Verona Card, que dá acesso livre a atrações turísticas. O passe de 24h custa 18 euros. E de 48h, 22 euros.